Jubileu dos Operadores da Justiça: “Justiça, Imagem de Deus e Instrumento de Esperança”

A justiça é mais do que um princípio jurídico ou uma norma social: é expressão da própria identidade de Deus. A Escritura recorda que “a justiça e o direito são os fundamentos do seu trono” (Sl 89,14). Assim, quando falamos de justiça, não nos referimos apenas ao cumprimento da lei, mas ao reflexo de uma dimensão divina que molda a vida humana.
O operador de justiça – seja juiz, advogado, procurador, polícia, líder comunitário ou mediador social – é chamado a tornar-se instrumento visível dessa imagem de Deus na sociedade. A sua função não é apenas técnica, mas profundamente ética e espiritual: restaurar a confiança, corrigir desequilíbrios e proteger a dignidade humana.
Num mundo marcado por desigualdades, corrupção e impunidade, a missão de quem administra justiça torna-se ainda mais exigente. Cada decisão justa abre caminhos de esperança, reconciliação e paz. Cada ato de imparcialidade lembra à sociedade que ainda é possível acreditar na verdade e na equidade. Por isso, o operador de justiça, quando fiel à sua vocação, não apenas aplica a lei, mas inspira confiança no futuro.
Contudo, a justiça perde o seu sentido quando instrumentalizada para fins de poder, de opressão ou de benefício particular. Nesses casos, deixa de ser imagem de Deus e converte-se em caricatura que gera desespero. Daí a urgência de recuperar a dimensão ética e espiritual do serviço à justiça, para que ela seja sempre promotora do bem comum.
O verdadeiro operador de justiça deve cultivar três virtudes essenciais: integridade, que o protege da corrupção; compaixão, que lhe permite ver a lei em favor da vida; e esperança, que o faz acreditar na possibilidade de transformação social. Essas virtudes fazem dele não apenas um aplicador da lei, mas um guardião da paz e da confiança social.
Assim, ao exercer a justiça como imagem de Deus, o operador de justiça torna-se semeador de esperança. Ele mostra que a sociedade pode ser diferente, que o direito pode proteger os fracos, e que a verdade pode iluminar os caminhos da reconciliação. A justiça, vivida nesta perspectiva, é muito mais que um dever profissional: é uma missão de esperança.