Discutidas sinergias para Acção Climática em África

A Comissão Episcopal de Justiça e Paz (CEJP) organizou ontem uma webinar subordinada ao tema sinergias para acção climática em África com objectivo de partilhar experiência e oportunidades para adaptação e mitigação do impacto das mudanças climáticas no continente.
O evento teve como oradores Dom Alberto Vera Arejula, Bispo da Diocese de Nacala e Referente da Comissão Episcopal de Justiça e Paz, o Reverendo Padre Terwase Henry Akaabiam, Secretário Geral do Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar (SECAM), Adérito Félix Aramuge, Director Geral do Instituto Nacional de Meteorologia e Membro do Conselho Executivo da Organização Mundial da Metereologia, Cornélio Sitongua Bento, Coordenador do Departamento do Ambiente da Comissão Episcopal de Justiça e Paz de Angola e São Tomé e Príncipe, José Maria Langa, Coordenador Técnico do Observatório Ambiental.
Na ocasião foram partilhados conhecimentos científicos ligados ao Objectivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS 13) que diz respeito a Acção Climática bem como, experiências eclesiais de protecção do meio ambiente em Moçambique, Angola, São Tomé e Príncipe, no SECAM, isto no âmbito da Carta Encíclica Laudato Si, do Papa Francisco (2015).
Os oradores foram unanimes em afirmar a urgente necessidade de proteger a Nossa Casa Comum, sendo que o trabalho em conjunto pode ajudar a reduzir o impacto das mudanças climáticas em África, considerado um dos continentes que mais sofre com as alterações climáticas.
Para Dom Alberto Vera Arejula, Bispo da Diocese de Nacala e Referente da CEJP, é preciso conscientizar a sociedade para proteger e cuidar do meio ambiente (Nossa Casa Comum), fazendo a educação ambiental nas escolas, o plantio de árvores, a reposição de florestas.
Para o efeito, a CEJP está a implementar uma iniciativa denominada Cuidar da Nossa Casa Comum, que conta com parceira do Conselho Autárquico de Maputo, a mesma se circunscreve no âmbito das actividades práticas ligadas a Laudato Si e visa o plantio de 1183 árvores ao longo das avenidas e ruas transitadas pelo Papa Francisco aquando da sua visita à cidade de Maputo em 2019.
Dom Alberto igualmente congratulou a inauguração semana passada do Centro de Operações Humanitárias e de Emergência da SADC, em Nacala Porto, um acto que contou a participação de Filipe Nyusi, Presidente de Moçambique e Presidente em exercício na SADC, sendo que a Centro é uma resposta concreta aos desafios das mudanças climáticas na região.
Por sua vez, Adérito Aramuge, Director Geral de INAM e membro da WMO, as mudanças climáticas estão a causar eventos extremos e fenómenos climáticos raros como ciclones tropicais de grande magnitude (Idai, Kenneth) quedas de granizo no inverno e o combate, a adaptação e mitigação do impacto das alterações climáticas exigem a sinergias de todo actores nacionais e internacionais.
Para Terwase Henry Akaabiam, Secretário Geral do SECAM, a Laudato Si é um documento importante que ajuda na busca de soluções para continente africano enfrentar a crise climática global e é importante juntar sinergias entre os africanos.
Por seu turno, Cornélio Bento, da Comissão de Justiça e Paz da CEAST, partilhou a experiência de Angola no combate as mudanças climáticas e o trabalho eclesial no âmbito da Laudato Si. Na ocasião disse que um dos problemas ambientais mais preocupantes que Angola enfrenta é a gestão do lixo, a seca no sul de Angola, o desflorestamento, a mineração de diamantes, a extração de petróleo, que estão a causar danos ambientais de grandes proporções.
Contudo, a Comissão Episcopal de Justiça e Paz de Angola e São Tomé e Príncipe, está trabalhar em várias frentes, com destaque para o projecto dos Bispos de Angola em florestar o deserto, a advocacia para impedir a exploração mineira do delta do Okavango, a criação de uma Cátedra do Meio Ambiente na Universidade Católica de Angola.
Para José Maria Langa, do Observatório Ambiental para Mudanças Climáticas, é importante que os países africanos juntem sinergias para acção climática porque são os que mais sofrem e necessário que aja justiça climática e que os fundos verdes sejam alocados para os que mais sofrem o impacto das alterações climáticas, sendo que para lograr tal feito é preciso fazer-se a diplomacia climática.
Ainda no mesmo contexto, José Maria Langa disse que é importante que a universidades possam dar seu contributo no processo de adaptação das comunidades ao impacto das mudanças climáticas através da produção de conhecimentos científicos.
Esta conferência contou com apoio financeiro da Misereor e é uma actividade que se insere no objectivos estratégicos da CEJP.